No Salão do Artesanato, a inclusão e a diversidade se refletem nas criações dos artesãos, que transformam talento em representatividade e conscientização social. Entre os tantos destaques, está Vânia Maria Olégario da Silva, de 59 anos.
Natural de Lagoa Seca, município do Agreste paraibano, ela encontrou no ofício uma forma de expressar a diversidade das pessoas. Artesã desde a infância, quando aprendeu a profissão com a mãe, Vânia apresenta sua mais recente criação: bonecas de pano inclusivas, inspiradas em crianças reais e fora dos padrões tradicionais do mercado.
A ideia apareceu na edição anterior da festa, quando percebeu a procura por brinquedos infantis que representassem diferentes características. Agora, suas bonecas incluem modelos para crianças negras, autistas, deficientes visuais e com microcefalia.
“Muita gente olha, elogia, acha bonito, mas nem sempre leva para casa. Ainda existe resistência. Mas, graças a Deus, minhas vendas e as encomendas estão sendo muito boas”, afirma.
O trabalho vai além das bonecas. Ela também produz macramê e roupas customizadas. A inspiração parte da experiência profissional no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), onde presenciou episódios de racismo e outras discriminações. “As crianças se identificam quando se veem representadas. Isso muda tudo, porque mostra que cada uma delas tem seu lugar no mundo”, destaca. Os preços das bonecas variam entre R$ 35 a R$ 50, conforme o tamanho.



Outra artista que leva a inclusão à arte é Maria Lúcia Gomes, conhecida como Lucinha, pintora, educadora e referência no cenário das artes plásticas regionais.
Além de seu trabalho autoral, esta edição foi desafiadora porque a colocou sob a missão de ministrar oficina de pintura a crianças com deficiência intelectual e autistas da rede municipal de ensino. A parceria ocorreu junto ao Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). O objetivo foi revelar talentos e permitir que os grupos expressassem sentimentos por meio da pintura.
“Oito crianças participaram diretamente da ação, com orientação minha e de outra professora. Eles pintaram em apenas dois dias. O hiperfoco deles, no caso dos autistas, se tornou uma ferramenta maravilhosa de conhecimento interior, aprendizado e criação”, explica.
Lucinha destaca o orgulho de retratar sua própria cor e história por meio da arte. A artista produziu sete telas para a festa. A que mais a emociona é o quadro de Lampião e Maria Bonita, símbolos de força e resistência. As obras estão à venda a partir de R$ 40.









O Salão do Artesanato reúne a produção de 112 artesãos credenciados, cerca de 20 deles pela primeira vez. Durante os seis dias de programação, o público conhece 10 tipologias em diversas técnicas: crochê, tricô, bordado, macramê, gastronomia, artes plásticas, madeira, cipó, brinquedo popular e habilidade manual. A feira funciona das 16h às 22h, com entrada gratuita.