O artesanato mostra como o trabalho manual se espalha entre diferentes idades e histórias de vida. No salão, três artesãos representam esse encontro de trajetórias que validam a a forte cultura no município e a valorização da identidade local. A seguir, um resumo das vivências artísticas de dois experientes artistas e um adolescente no início de carreira.
A artesã Josinete de Queiroz Francisco, de 64 anos, mora na comunidade Araçá, em Lagoa Seca, e trabalha com bordado há quatro décadas. Ela conta que seguiu aprendendo novas técnicas, com foco em confeccionar toalhas e almofadas. Esta foi a primeira vez que participou do evento. “Vim por incentivo de amigas. Eu nem conhecia o salão”, confessa.
Para a edição atual, a aposentada produziu roupas para recém-nascidos. Ao avaliar a experiência, resume. “Foi muito positiva. Gostei da convivência com outros colegas e de mostrar meu trabalho. Não me arrependo”, disse.
Após um acidente de trânsito, em 2019, que o deixou acamado e beirando à depressão, Vital Daniel dos Santos, de 53 anos, natural de Montadas, encontrou no artesanato a luz no fim do túnel. Ele revelou que desde criança tinha habilidade para construir brinquedos. Hoje produz miniaturas feitas com materiais reciclados. “Também crio maquetes de prédios conhecidos, como a igreja matriz e o convento da cidade”, acrescenta.
O também ex-jardineiro, profissão da qual ele não se sustenta devido às limitações na saúde, falou sobre o papel do artesanato para o sustento de muitos, bem como a resistência vivenciada por esse seguimento. “A aposentadoria é minha renda principal. O artesanato é uma terapia e um prazer. Quem depende só disso precisa de criatividade e inovação para se manter”, opina.
Com apenas 16 anos, José Adriel Silva Santos coleciona pouca idade, mas um currículo de orgulhar qualquer pessoa. Estudante do ensino médio, o garoto desenvolveu, com colegas da escola, um projeto de velas repelentes criado durante aulas que discutiam a alta incidência de Leishmaniose na cidade. As velas feitas são à base de óleos de coco, citronela e essências aromáticas.
“A gente trocou a parafina pela cera de óleo de coco porque é mais orgânica e menos tóxica. Gosto de ensinar e vender. O pessoal se interessa pelas embalagens de vidro, algo que chama a atenção”, detalha.
José não descarta atuar como artesão, mas também pensa em Contabilidade e Educação Física. O grupo do qual faz parte pretende voltar nas próximas edições com mais experiência em vendas e novas essências.
As histórias dos três artesãos mostram que o artesanato de Lagoa Seca continua se renovando e crescendo diante das oportunidades. Para a coordenadora Lucicleide do Nascimento, a gestão tem realizado atividades e apostado nesses projetos. “A economia criativa mantém viva a tradição e apontando caminhos para o futuro. A prefeita Michelle Ribeiro e sua equipe apoiam e vão fazer ainda mais por essa povo guerreiro e merecedor”, comenta.






